4.09.2012

Pela primeira vez em Luanda

Professor ameaça aluno com arma de fogo

Nzaji Alberto, professor que leccionava a cadeira de Física na escola Paiva Domingos da Silva, no Cazenga, continua em fuga, desde que a 15 de Março, ameaçou com uma arma de fogo um aluno, durante o período de aulas nocturnas.
Segundo o porta-voz do Comando Provincial da Polícia, inspector Nestor Goubel, logo após ter ameaçado o aluno, situação que deixou assustados outros estudantes, as autoridades policiais, informadas pela direcção da escola, emitiram um mandado de captura contra o professor.
No dia seguinte ao incidente, o docente esclareceu à Rádio Luanda que terá exibido a arma enquanto dava uma aula, porque um aluno estava a perturbar o ambiente normal, fazendo muito barulho.
Mesmo depois de o ter advertido, o referido aluno terá persistido no comportamento indisciplinado, conforme garantiu o formador. “Pedi ao educando que abandonasse a sala de aula, mas foi renitente, daí que tentei pegá-lo para levá-lo à direcção da escola ou aos efectivos da Brigada de Segurança Escolar”, contou ainda o professor.
A direcção da escola reconhece que o estudante em causa tinha um comportamento pouco apropriado, mas salienta que o professor jamais devia usar uma arma de fogo para persuadir o aluno a deixar a sala de aula.
O porta-voz da Direcção Provincial da Educação de Luanda reprovou a atitude do professor Nzaji Alberto e referiu ser o primeiro caso do género que ocorre numa escola de Luanda.
Lourenço Neto, que também responde como assessor principal da Direcção ­Provincial de Luanda da Educação, frisou que o professor está suspenso de toda a actividade lectiva e foi-lhe instaurado um processo disciplinar. O resultado do processo será encaminhado para o Governo Provincial de Luanda e para o Ministério da Educação.
O responsável explicou que o procedimento do professor foi desadequado, uma vez que devia encontrar métodos pedagógicos para resolver o conflito com o aluno e nunca resolver a questão com a exibição de uma arma de fogo.
A escola é um local onde se deve cultivar um ambiente de paz e de harmonia e o professor é, por natureza, um gestor de conflitos.
“O professor devia usar os métodos pedagógicos e a sua autoridade como adulto e responsável para resolver da melhor forma aquele conflito”, insistiu Lourenço Neto.

Desarmamento urgente

Os crimes cometidos com recurso a armas de fogo têm, desde este episódio, preocupado o Comando Provincial de Luanda, como manifestou recentemente a comandante provincial de Luanda, comissária-chefe Elizabeth Franque.
A comandante defendeu o desarmamento urgente, de modo a evitar que mais crimes violentos ocorram com recurso a esse meio, apelando igualmente à entrega voluntária de armas.

Sonangol adquire 51 % das acções da companhia de bandeira santomense

Luanda – No mínimo cinquenta e um porcento da companhia aérea de bandeira de São Tomé e Príncipe serão adquiridos pela petrolífera angolana Sonangol, através da Sonair, no quadro da cooperação existente entre Angola e este arquipélago, anunciou recentemente o primeiro-ministro santomense, Patrice Trovoada.
 
Em declarações à imprensa em São Tomé e Príncipe, o governante referiu que o grupo Sonangol neste país africano intervêm nos domínios dos combustíveis, no porto, no aeroporto e possui um importante programa de formação de quadros e que tem a possibilidade de expandir-se para outros sectores.
Informou que o Estado, enquanto parte da companhia santomense, manifestou o interesse, e os outros accionistas da STP Air corroboraram em conselho de administração, de abrir o capital a Sonangol no mínimo para 51 porcento.
Por conseguinte, disse o primeiro-ministro Patrice Trovoada, esta manifestação já foi comunicada a Sonangol e espera-se por uma assembleia-geral da companhia santomense para a formalização do processo.
“Assim, espero que a Sonair se torne o parceiro maioritário da companhia de São Tomé e Príncipe. Acreditamos que esta parceria também é muito importante e o facto dos outros accionistas, incluindo o Estado, terem diminuído a sua participação para fazerem entrar a Sonangol obedece a uma lógica económica”, explicou.
O governante justificou a lógica económica pelo facto de a Sonair ter aviões recentes, que precisam de voar, e de São Tomé e Príncipe possuir uma série de rotas abertas com outros países, devido a sua posição estratégica.
“A nossa opção a nível do desenvolvimento passa também pelo turismo e temos de atrair turistas para o arquipélago”, acrescentou ainda na justificação do acordo com a Sonangol no domínio dos transportes, que poderá estar concluído nos próximos meses.
Para o dirigente, a possibilidade de continuação de alguns voos para Angola é importante a nível do mercado, o que será reforçado com a entrada em funcionamento da Sonair no arquipélago.
Por conseguinte, estou em crer que a participação da Sonangol, através da Sonair, trará vantagens para as partes, quer angolana, quer santomense, concluiu o Primeiro-ministro sobre este tema.

Mais de 40% da população luandense sofre de anemia


Fonte: Lusa

Um estudo desenvolvido em Angola por investigadores lusófonos e publicado na passada sexta-feira na revista PLoS one conclui que mais de 40 por cento da população estudada tem anemia e quase um terço das crianças sofre de malnutrição crónica, avança a agência Lusa.
"No global, os níveis [de anemia] encontrados foram significativos e preocupantes. [O resultado] deverá ser olhado com mais atenção para que sejam pensadas estratégias", disse à Lusa a coordenadora científica, Susana Nery.
O estudo resulta do trabalho científico desenvolvido no município do Dande, 60 quilómetros a norte de Luanda, pelo projecto CISA (Centro de Investigação em Saúde de Angola) e incide sobre uma amostra de mais de 3.000 pessoas, 1.000 mulheres e mais de 2.000 crianças.
"A ideia é perceber a dimensão das principais problemas de saúde que afectam estas populações de risco", explicou Susana Nery, acrescentando que as doenças estudadas foram a malária, a shistossomíase urinária (sangue na urina), os parasitas intestinais (nomeadamente ténias), bem como as comorbilidades associadas (desnutrição e anemia), em crianças dos seis meses aos 15 anos e nas suas mães.
O estudo epidemiológico e comunitário, "o primeiro desta envergadura", conclui que as três doenças estudadas são endémicas na população em causa.
No caso da malária, a prevalência foi de 18 por cento entre as crianças e de 9,6 por cento nas mães. O inquérito nacional de malária de 2011 reportou uma prevalência de 10,1 por cento em crianças menores de cinco anos.
A prevalência de shistossomíase urinária em crianças foi de 16,6 por cento e nas mães de 21,7 por cento, valores inferiores à média nacional (28 por cento em 2005). No caso das parasitoses intestinais são mais frequentes entre as crianças em idade escolar (22 por cento), embora com valores inferiores à média nacional (40 por cento em 2005).
"Os níveis de prevalência encontrados não são exactamente iguais às médias nacionais anteriormente descritas pelo Ministério da Saúde, o que é natural, porque uma média para um país como Angola implica uma grande variação geográfica", explicou Susana Nery.
Para a investigadora, os valores encontrados nas três doenças não surpreendem: "O que foi mais surpreendente foram os níveis de anemia encontrados. E de malnutrição crónica"
As conclusões indicam que 40 por cento da população estudada sofre de anemia, enquanto 23 por cento das crianças têm baixo peso e 32 por cento sofrem de malnutrição crónica

Apesar de admitir que os números são semelhantes aos de outros países na África subsaariana, a cientista considera-os preocupantes.
Recordando que a anemia está associada a várias infecções, nomeadamente a malária, e à malnutrição, Susana Nery defende que o seu combate passa por "diminuir a malária, melhorar as condições nutricionais das crianças e reduzir as parasitoses".

O próximo passo do projecto será aliás "testar uma estratégia para reduzir os níveis de anemia e das doenças identificadas nas crianças em idade escolar", afirmou a cientista, explicando que a ideia é "comparar dois métodos diferentes" para verificar "qual a maneira mais eficaz de responder ao problema".

O estudo foi desenvolvido pelo projecto CISA e envolveu o Governo angolano, o Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento e a Fundação Calouste Gulbenkian.
O projecto nasceu de uma colaboração entre o CISA e o investigador luso-angolano José Figueiredo, que estava em Londres a fazer doutoramento. No terreno, os autores do estudo são mais quatro investigadores seniores: uma angolana, dois portugueses e um moçambicano.

4.04.2012

Angola terá centro de medicina nuclear

O Governo angolano está a trabalhar num projecto de implementação de um centro de medicina nuclear, para detectar e tratar várias doenças, sobretudo de fórum canceroso, informou em Luanda, a especialista em medicina nuclear, Antónia Muangala.  



De acordo com a médica, que falava à Angop sobre os ganhos da paz no sector social, esta iniciativa será uma mais-valia para os cidadãos, uma vez que tem aumentado substancialmente o número de casos de cancro e tumores e outras doenças que necessitam dessa especialidade.

Disse igualmente que este projecto está a ser feito em concordância entre o Governo Angolano e Agência de Energia Atómica (AIA), com vista a sua implementação, o que só foi possível graças a paz alcançada em 2002.

Antónia Muangala referiu que o contributo da medicina nuclear permite observar o estado fisiológico dos tecidos de forma não invasiva, através da marcação de moléculas participantes nesses processos fisiológicos com isótopos radioactivos

A medicina nuclear é uma especialidade médica relacionada à imagiologia, que se ocupa das técnicas de imagem, diagnóstico e terapêutica, utilizando partículas ou nuclídeos radioactivos.

No concernente à oncologia, referiu que nos últimos anos tem aumentado em todo o país as doenças cancerosas.

Informou igualmente que já existe um núcleo de oncologias fora de Luanda, que tem como objectivo diagnosticar a doença e posteriormente encaminhar os casos mais graves ao Centro Nacional de oncologia.

Elucidou também o elevado grau de consciência da população no que concerne ao rasteio da doenças relacionadas com o cancro, principalmente o da mama e do colo de útero, as mais frequentes neste centro, e estando consciencializada que não existe só a malária, o paludismo e outras doenças.

Quanto ao tratamento do cancro, disse que só têm feito ainda as cirurgia e quimioterapia e posteriormente será com a radioterapia, que se aguarda a curto prazo, com a implementação do centro de medicina nuclear.

Questionada sobre o sector da saúde, disse ter havido grandes melhorias neste ramo, no que concerne à construção de hospitais, centros e postos médicos, nas capitais de províncias, nos municípios e nas periferias, o que tem contribuído na recuperação de certas doenças, evitando a ingente nos hospitais de referência.

Acrescentou que hoje já é possível ter um médico e outros quadros qualificados, nos centros e postos de saúde, evitando a sobrecarga nos hospitais.

Em relação à educação, salientou que já é visível o aumento das escolas do ensino médio, técnico-profissional, institutos médios e superiores e faculdades públicas, regionais e privadas em todo o país. 

Chivukuvuku promete fim dos "32 anos de regime não eleito" em Angola

Luanda - O presidente da recém-formada Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA), Abel Chivukuvuku, garantiu hoje em Luanda que este ano nascerá um novo Governo "de natureza patriótica" para acabar "pacífica e ordeiramente os 32 anos de poder ininterrupto e nunca eleito".

Fonte: Lusa

Abel Chivukuvuku discursava na cerimónia de encerramento do congresso constitutivo da CASA, em que estiveram presentes 690 delegados, oriundos de todo o país e do estrangeiro, para debater as linhas de força da nova formação política do ex-dirigente da UNITA.

O líder da CASA classifica o partido como um projeto "amplo, aberto e coletivo", resultante de consensos de vária ordem. "A CASA é o projeto nacional do momento e preparada para os desafios da etapa atual e tempos futuros".

"Assim, lançamos neste evento, a semente da esperança, a semente da fé, a semente da mudança para um futuro melhor para o nosso país. (...) Consideramos que demos, hoje, aqui um grande passo em frente. São nossos juízes o presente mas sobretudo o futuro e as gerações vindouras", disse Chivukuvuku no seu discurso, bastante aclamado pelos presentes.

Chivukuvuku, que abandonou no início do ano a UNITA para formar o novo partido, lançou um apelo aos angolanos no sentido de fazerem de 2012 "um ano histórico de viragem, para um futuro melhor", alusivamente às eleições gerais que se realizarão este ano.

"Relembro hoje este desafio, este apelo, este chamamento, particularmente direcionado à juventude do nosso país. Chegou a hora para a nossa casa determinar a viragem", apelou o presidente da CASA.

Chivukuvuku referiu-se às mudanças como sendo as de "um verdadeiro ambiente de vivência democrática, onde a legitimidade e o primado da lei sejam uma realidade, de uma governação patriótica, que assegure a justiça social e resolva os problemas essenciais e básicos do angolano".

A viragem, de acordo com o político, é também "para uma atitude e postura credíveis de luta contra a corrupção, contra os desvios do erário público e contra o nepotismo".

"É a mudança que a CASA propõe para terminarmos serena, pacífica e ordeiramente os 32 anos de poder ininterrupto e nunca eleito", disse Chivukuvuku, referindo-se ao Presidente da República, José Eduardo dos Santos.

O político criticou o atual Presidente angolano pelo facto de "já estar em campanha eleitoral, antes mesmo de ter convocado as eleições".

"É necessário que se passe a exigir que sua excelência o senhor engenheiro Eduardo dos Santos esclareça, de cada vez que se desloca às províncias, em que condição o faz", solicitou Chivukuvuku.

José Eduardo dos Santos este ano realizou uma deslocação à província da Lunda Norte, tendo feito escala na Lunda Sul, e está prevista para quarta-feira, dia em que se assinala dez anos de paz, uma visita à província do Moxico, palco dos acordos de paz que pôs finda uma guerra de mais de 30 anos.

No seu "Manifesto ao Povo Angolano", o novo partido propõe 10 princípios ao eleitorado, que vão desde a "consolidação da paz, reconciliação nacional e estabilidade social", até à "modernização do Estado, através de uma reforma institucional para um novo sistema político".

A CASA, uma coligação político-eleitoral, inicialmente formada por quatro partidos e cidadãos angolanos independentes, foi publicamente apresentada no passado dia 14 de março por Abel Chivukuvuku, que caraterizou o novo movimento como a terceira via face ao MPLA, atual partido no poder, e a UNITA.

Na quinta-feira a documentação de constituição da CASA será entregue no Tribunal Constitucional.


Presidente da República inaugura Comando da Região Militar Leste

O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, inaugurou hoje, quarta-feira, na cidade do Luena, capital da província do Moxico, o Comando da Região Militar Leste, que abrange as províncias da Lunda Norte e Lunda Sul.
A sua chegada no local, o estadista angolano recebeu cumprimentos de boas-vindas do chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas (FAA), Geraldo Sachipengo Nunda e do comandante da Região Leste, tenente general Fabiano Hihepa.

Após o corte da fita inaugural e do descerramento da placa, José Eduardo dos Santos visitou o gabinete do comandante, a sala de conferências e outros compartimentos.

As obras do edifício de dois andares, que dispõe de 66 gabinetes, uma sala operativa e outra de conferências, um salão nobre e 16 casas de banho externas, entre outros compartimentos.

O imóvel, cujas estruturas foram iniciadas pelas autoridades coloniais portuguesas, antes da independência de Angola, proclamada em 11 de Novembro de 1975, foi concluído pela empresa chinesa “China Jiangsu”.





 

Corrupção é factor de instabilidade em Angola - Rafael Marques

Luanda  - O jornalista e activista angolano, Rafael Marques de Morais, considera que depois do conflito armado a corrupção tem sido o principal factor de instabilidade em Angola.

Fonte: VAO

Em declarações a Voz da América, Marques referiu que, corrupção é causa mais importante da violência politica que, para ele, assumiu contornos catastróficos em Angola.

Segundo aquele activista, a violência é o único meio que o regime do presidente José Eduardo dos Santos encontrou para preservar o que descreve como “roubos que têm sido feitos ao longo dos anos contra o património público”.

“As pessoas usam hoje a função pública para benefícios privados. Essa situação atingiu um ponto de caos e anarquia total,” disse Maques, acrescentando que “desde o presidente da república até ao funcionário de limpeza o Estado está hoje a ser privatizado e de uma forma preocupante. Dai que não haja grandes possibilidades deste poder fazer uma transição para uma verdadeira democracia sem receio de perder as fortunas que tem estado a acumular de forma ilícita.”

O ideário democrático pode, em determinadas circunstâncias, operar como recurso de legitimação do regime vigente em Angola, prossegue o activista.

Rafael Marques considera que a violência politica, enquanto essência do regime angolano, tem vindo a aumentar no país e demonstra uma potencial fragilidade da governação que descreve como “de cariz autoritário excludente e repressivo”.

“A violência é a essência do próprio regime e a corrupção e seu modus operandi. A corrupção é que motiva os dirigentes do MPLA a terem cargos públicos.”

Refira-se que o baixo nível de oferta dos serviços essências básicos as populações originou, nos últimos anos, a eclosão de um movimento juvenil não violento de “poder popular” em Angola, reivindicando mudanças nas estruturas socias e respeito pelos direitos humanos fundamentais.

Essas manifestações anti-governamentais têm chamado a atenção da repressão, tal como aconteceu no passado dia 10 de Março em Benguela e Luanda.

Marques defende que uma transição democrática não violenta tenha oportunidade num país que viveu mais de trinta anos de conflito armando

“É mentalidade neocolonial que conforma e dá forma a existência desse poder e as suas acções,” explicou o activista, afirmando que “tem de haver um diálogo serio para que possa haver uma transição (pacífica) de formas que muitos deles (governantes) se possam reformar com alguma tranquilidade”.

Rafael Marques de Morais é um jornalista e pesquisador, com especial interesse sobre a economia politica de Angola e os direitos humanos. Ele nega estar por detrás das manifestações em Angola, mas congratula-se com os jovens que impulsionaram os movimento e estão a direccionar o poder dos protestos não violentos em Angola.